quarta-feira, 5 de junho de 2013

As princesas





Noções de divindades, cigarros, cervejas, garrafas vazias e meio cheias, a fumaça no ar e na cabeça. Conversamos sobre banalidades tentando ignorar o imediato que se estabelece no nervosismo das meias palavras, do riso solto de desespero contido, nas expressões assustadas com o que não se sabe mas, angustia até a última gota de sangue.
Falamos de Clarice do momento em que se é. Tempo-Espaço em meio a poesia de Caeiro só para nos salvarmos da loucura e trazer serenidade aquela sala com aquelas mulheres que já nem estão mais à beira de um ataque de nervos, é tudo constante e dissimulado.
Cantar, dançar, ler, beber, fumar, tudo pra não enlouquecer, trepar também vale.
Mas o sexo fica pra depois ali o corpo não suporta o toque, teme o acesso, a ligação tão evitada, a doação sem privilégios de garantias posteriores. É cansativo seduzir quando não se acha o
encanto. Angústias disfarçadas em piadas de humor sarcástico, agressões bem maquiadas e até bonitas de se ver quando vem acompanhadas de um verniz de inteligência admirável.
Guerreiras na arte do "não pensar profundamente nisso".
Amo, odeio, voltar à amar pra odiar logo ali , na esquina. 
E no outro passo amar profunda e verdadeiramente por mais dois quarteirões. Loucura "sem amor, só a loucura" Caio Fernando Abreu sabia disso. 
Será falta de amor ou amar demais? Sabe-se lá se sabem elas o que é amar? 
Mas é unanime, amor é como água gelada em dia calor, todo mundo quer nem que seja um pouco. 
corpo pede, precisa, anseia.
 Não é necessário explicação pra isso. só deseja. só desejos.
Olho pra seus rostos cansados da farra constante, do medo presente, da dúvida latente, da consciência de quem não sabe absolutamente o porque de se estar ali e utiliza-se de subterfúgios de afinidades para assumirem e compartilharem esse desencanto e consecutivo re-encantamento sem prerrogativas de mudanças. 
O mundo gira como dizem por ai.
A tontura e o certo enjoou vem disso? Num filme espanhol que certa vez assisti ouvi " As princesas são tão sensíveis que são capazes de enjoar só com a rotação da terra."

Deve ser isso mesmo.



Texto de Abril de 2010 . Em homenagem a minha amiga Tânia que me lembrou ontem dele.

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